Passamos por momentos dificeis.
Certa vez, ouvi de um pastor amigo: “Um pastor com o coração entregue ao Senhor é mais tratado pela igreja do que é capaz de tratá-la.” Isso é tão óbvio para os bons pastores que eles nem sentiriam a necessidade de argumentar – afinal, os bons pastores sabem o quanto a igreja, como povo de Deus, é tão maior e melhor que eles, que seu chamado, que sua capacidade, que seu conhecimento teológico. Mas você já pensou que isso é verdade a respeito de todos os membros da igreja? E não apenas a respeito do seu relacionamento com a igreja, mas a respeito de todas as circunstâncias da vida.
Uma vez que todos nós enfrentamos circunstâncias difíceis que nos dão oportunidades para sermos tratados pelo Senhor, precisamos perceber que aquilo que pode ser definitivo a respeito da eficácia desse tratamento é a nossa vida de consagração a Deus. Em outras palavras, é bastante provável que, se não estivermos cultivando um coração entregue ao Senhor, passaremos por momentos difíceis sem sequer perceber que o Espírito está trabalhando nossa santidade.
O Senhor trata nosso coração.
E veja: com isso, não estou dizendo que Deus está obrigado a manifestar esse tratamento de maneira objetiva. Há no universo gospel uma falsa percepção de que, quando passamos por dificuldades, então, é porque “o Senhor quer nos ensinar alguma coisa”. Por exemplo: acham que o motivo pelo qual estão enfrentando alguma dificuldade financeira é porque são materialistas demais, então, aquele período de restrição é uma lição para serem mais desapegados. Ainda que isso possa ser verdade em muitas situações, evidentemente, não é assim que Deus age.
Isso acontece porque o Senhor sempre está tratando o nosso coração, mas nem sempre de maneira tão clara, direta e objetiva. Afinal, qual é a “grande lição” que uma enfermidade terminal poderia nos trazer? O que nós “devemos aprender” com a morte de um ente querido? O que Deus quer nos ensinar quando os conflitos familiares arrebentam nosso lar? Você consegue perceber que esta ‘conexão direta’ entre as provações e o tratamento de Deus nem sempre é tão clara e perceptível?
O senhor olha pro seus problemas.
Na verdade, esta necessidade que temos de entendermos o motivo de nossas provações nada mais é do que a nossa necessidade de controlarmos todas as coisas da nossa vida. Afinal, até mesmo quando nós passamos por momentos difíceis (que saem do nosso controle) nós sentimos a necessidade de pensar que “está tudo sob controle” – o ‘nosso’ controle. E isso se dá porque saber aquilo que Deus está fazendo é, para nós, um forma de mantermos um certo domínio a respeito da situação. Mas, e se não soubermos o que Deus está fazendo? Por acaso a obra da graça de Deus em nossos corações seria menos eficaz? É evidente que não!
Ainda que Deus, por causa da Sua graça, nos mostre claramente o que Ele está fazendo em muitas circunstâncias, em outras, o Senhor estará tão somente tratando nossa consagração a Ele: nos fazendo confiar mais, nos estimular à fé, fortalecer nosso coração, treinar o nosso caráter e disciplinar nossa disposição para serví-Lo. E, diante disso, podemos afirmar claramente que “um discípulo com o coração totalmente entregue é mais tratado pelas circunstâncias da vida do que é capaz de ‘tratar’ as circunstâncias da vida.”
Que Deus nos abençoe!
Rev. Thiago Mattos
Igreja Presbiteriana do Tarumã
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