Crise na espiritualidade.
Há uma grande crise na espiritualidade do século XXI: devemos conhecer ou ‘sentir’ Deus? Temos percebido um grande conflito entre estas duas vertentes da vida cristã. Se, por um lado, alguns vivem uma fé completamente racionalista, enfatizando apenas o aspecto intelectual da piedade, também já testemunhamos muitos irmãos naufragaram na fé por viverem apenas o aspecto ‘experimental’ da vida cristã e estarem ‘viciados’ em um emocionalismo exacerbado.
É evidente que, quando diagnosticamos esse problema, logo somos capazes de perceber que as duas compreensões estão equivocadas: uma ‘fé’ meramente racional jamais vai produzir crentes sinceros; uma ‘fé’ meramente emocional jamais vai produzir crentes sinceros. As duas versões de ‘fé’ são falsas e, por isso, não podemos limitar a fé verdadeira a nenhuma destas perspectivas da piedade.
Os crentes das denominações mais tradicionais.
Os crentes das denominações mais ‘tradicionais’, correm o risco de vincular suas experiências de fé a uma perspectiva meramente racional. Este posicionamento pode produzir cristãos bastante maduros em suas convicções, com um conhecimento bíblico-teológico bem fundamentado, que reconhecem a fidelidade à Palavra e que tem como valor fundamental para a vida da igreja uma boa aula/palestra/pregação.
Por outro lado, os crentes de denominações mais ‘carismáticas’, correm o risco de vincular sua piedade a uma perspectiva meramente emocional. Este posicionamento pode produzir cristãos com muitas experiências com Deus, testemunhando milagres, que reconhecem o poder de Deus sendo exercido através dos dons e que tem como valor fundamental para a vida da igreja a experiência com o sobrenatural de Deus.
Quando olhamos para estas duas ‘vertentes’ do cristianismo parece óbvio que existem pontos positivos em ambas. No entanto, é impossível desassociar os eventuais riscos de cada linha de pensamento e podemos ver isso porque ambas produzem crentes arrogantes e soberbos de sua piedade – enquanto os ‘tradicionais’ se gabam de não serem enganados e de sua teologia sólida, os ‘carismáticos’ se gabam de terem mais experiência com a presença de Deus e um testemunho mais poderoso.
Acontece que este conflito é estranho às Escrituras porque somos chamados a provarmos da duas realidades. Conhecer e experimentar não pode ficar ‘ao gosto do freguês’, mas precisa ser algo que todo cristão maduro precisa viver. Um crente mais ‘intelectualizado’ certamente perderá experiências profundas com Deus; um crente mais ‘emocional’ certamente viverá uma fé rasa.
No texto de João 5:39,40, citado acima, Jesus vincula o conhecimento das Escrituras com uma compreensão verdadeira da piedade: elas revelam a Cristo e em Cristo temos a vida eterna! É importante que tenhamos a compreensão, porém, que a vida eterna não é tão somente o “ir para o céu” que muitos imaginam. É imprescindível lembrarmos que a “vida eterna” com Deus já começou a partir do momento em que cremos em Jesus como Senhor e Salvador das nossas vidas. E isso vai impactar todas as áreas da nossa existência: em especial, as áreas intelectual e emocional.
Em Cristo!
Rev. Thiago Mattos
Igreja Presbiteriana do Tarumã
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