Domínio próprio, a luta contra a vontade humana | Rev. Lucas Maracci

26.01.2024

Domínio próprio, a luta contra a vontade humana | Rev. Lucas Maracci

Domínio próprio.

   Não é pecado sentir vontade. Desejar faz parte de quem somos. A volição humana (a vontade por trás da vontade; aquilo que leva ao desejo de realizar, decidir por algo) tem impulsionado nossas ações desde que a humanidade passou a existir. A verdade é que temos muitas vontades e nem sempre boas. Com o desenrolar da história nossas vontades vão ganhando aspectos diferentes e magnitudes variadas. O contexto em que nos desenvolvemos também influencia o tipo de desejo que temos. Não dá para dizer que a vontade de um jovem que cresceu numa comunidade ribeirinha na floresta amazônica seja exatamente as mesmas de um jovem de família rica que cresceu viajando por diversos países e morando em uma capital.


   Mas a verdade é que, em essência, a vontade humana foi contaminada pelo pecado na queda e ela sempre vai se resumir em um único desejo: suprir nossos prazeres sendo a dona de nossas ações. No fim, seja o jovem ribeirinho ou o menino rico, ambos anseiam por ter seus prazeres satisfeitos o que significa não frustrar nenhuma de suas vontades.

Devemos vencer a batalha.

   As vontades não aparecem apenas nas grandes coisas, mas somos desafiados a ter controle de nossas vontades naquilo de mais simples do dia a dia. Em um tempo em que a propaganda para que façamos o que desejarmos e que podermos ser o que quisermos, parece que as tentações são ainda mais intensas e que estamos ainda menos conscientes do quanto somos escravos de nossas vontades e impulsos. Temos muito do que queremos, mas queremos sempre mais.


Recentemente me deparei com um diagnóstico de intolerância alimentar e me vi restrito de comer determinados alimentos que faziam parte do meu dia a dia. Nessa hora me vi lutando com uma vontade simples: vontade de comer o que eu queria. Percebi que deixar de comer a sobremesa, o chocolate, a bolacha não era uma questão de necessidade nutritiva, mas de resistir ao impulso do paladar e da mente que espera a gratificação que o alimento traz, para além do saciar da fome. E quem deve ganhar essa pequena grande batalha? O pedaço de torta ou ser humano pensante? Acho que nem preciso responder. Acredite, mesmo diante do alívio que senti na saúde geral com a interrupção da ingestão desses alimentos ainda assim me vejo com ‘água na boca’ de vontade de comer coisas que irão me fazer mal, simplesmente pela indisciplina de exercer o domínio próprio.

Espírito Santo como combustivel.

  Provérbios 25.28 diz que “como cidade derrubada, que não tem muralhas, assim é aquele que não tem domínio próprio” . A falta de domínio de si nos deixa totalmente vulneráveis e sem governo. Qualquer um que ultrapassar nossas muralhas pode nos governar e nos tiranizar. A verdade que precisamos ser mais do que disciplinados para resistir àquilo que é mal. Seja o alimento em excesso e desregrado, seja a vontade de falar da vida alheia, o impulso de ira, as compras e consumo, a grosseria do procedimento, o olhar malicioso sobre o outro, todos esse precisam ser vencidos pelo poder do Espírito Santo.

   O Espírito Santo é o único combustível eficiente para mover o motor do domínio próprio e autocontrole. Só a partir dele é que qualquer força de vontade tem eficácia, afinal o domínio próprio é um fruto do Espírito (cf. Gálatas 5.23). A partir daí sim, podemos desenvolver luta e disciplina, como afirma Paulo em 1 Coríntios 9.23-27: “Tudo faço por causa do evangelho, para ser também participante dele. Vocês não sabem que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Corram de tal maneira que ganhem o prêmio. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”. O próprio Deus nos habilitará a vencer toda a luta contra a vontade, para que não façamos aquilo que queremos, mas aquilo que é certo aos olhos de Deus. Para que não venhamos a ser escravos de nossas grandes e pequenas vontades, sonhos e desejos.

Que submetamos tudo que somos à Ele que sabe o que é melhor!

Rev. Lucas de H. P. Maracci

Igreja Presbiteriana do Tarumã

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