Uma boa dose de contentamento.
Quando você olha para a sua vida, observa todos os feitos e conquistas, seu desenvolvimento pessoal, profissional, financeiro, familiar, emocional, seja de qual ordem for, você acredita que tem tudo o que gostaria? Você queria alcançar mais? Ter mais? Ser mais?
Alguns de nós talvez responda a essas questões com uma boa dose de contentamento, afirmando que está feliz com o que tem e que não precisa de mais anda. Mesmo sabendo do mundo de oportunidades ao seu redor, está mais do que satisfeito com aquilo que alcançou. Outros de nós, podem olhar para essas questões, suspirar profundamente, e pensar em cada coisa que gostaria de ter alcançado e ainda não conseguiu. Aqueles mais sonhadores vão conseguir vislumbrar tantas coisas que gostariam de ter feito e ainda não o fizeram.
Nossas conversas entram no campo de ambição.
Nosso tempo tem um apelo cada vez mais forte para o sucesso, fama, prosperidade e riqueza. Numa sociedade psicologizada, mesmo o desenvolvimento de si mesmo não é deixado de lado. Há uma forte propaganda na busca do desenvolvimento pessoal, mas que geralmente culmina na exaltação do ego, do “seja você mesmo” e isso a qualquer custo.
Nossa conversa começa a entrar no campo da ambição, do desejo intenso e obstinado por algum objetivo, posse, posição ou status. Mas também estamos falando do seu oposto, que é o comodismo e a apatia diante da vida. Parece que temos grande dificuldade de achar o equilíbrio nesse assunto. As vezes tenho a impressão de que o senso comum evangélico nos indica que a resposta mais espiritual é o contentamento cego. Mas muitos seguimentos evangélicos estão enchendo seus templos justamente pela proposta de prosperidade infinita.
O Evangelho se trata sempre de moderação e equilíbrio.
O evangelho nunca se trata de extremos, mas sempre de moderação e equilíbrio. Por isso, erra aquele que demoniza o desejo de buscar crescimento e o conhecer mais, ser melhor, até mesmo o ter mais, desde que esse desejo não seja movido por egoísmo e ganância. Não defendo aqui que haja uma “boa ambição”, mas que o próprio Deus pelo seu Santo Espírito nos impele ao crescimento e maturidade. Todavia, nesse mesmo sentido, peca aquele que é guiado pelas possessões e o desejo desesperado ser o maior e se sobrepor aos demais. A Bíblia constantemente nos exorta a humildade e simplicidade. Provérbios 13.25 diz: “O justo tem o bastante para satisfazer o seu apetite, mas o estômago dos ímpios passa fome.” Esse texto está falando justamente desse equilíbrio que citamos acima. O fato não que o justo tenho sempre muito e abundante, mas sempre o suficiente para as suas necessidades e acompanhado disso um contentamento que é dado por Deus. Enquanto o ímpio, ainda que com casa cheia, muito sucesso em diversas ordens, está sempre querendo e sedento para preencher a sua fome de propósito.
O grande diferencial está exatamente no senso de propósito. Deus chamou alguns de seus filhos para viver na simplicidade e ainda sim com grande prosperidade da alma. Outros, Deus encherá de posses e riquezas, mas sempre acompanhada de um coração generoso e humilde, que sabe quem é a fonte de todo recursos. A questão em ambos é a convicção em Deus de propósito e toda e qualquer situação.
Por fim, a bíblia nos mostra que há uma coisa pela qual devemos ser sempre sedentos e em certo ponto “descontentes”, é da presença de Deus, da intimidade com Cristo e de seu Santo Espírito. “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma” (Mateus 16:26). O segredo para o crescimento e contentamento (não ambição ou apatia) é justamente a busca incessante e sedenta por Deus e pela verdade da sua Palavra. No Senhor, nos é declarado cada propósito e vontade para a nossa vida. Pelo Espírito, somos ensinados a viver contentes em toda e qualquer situação, sem jamais ceder ao comodismo e apatia. O fato é que enquanto formos movidos pela cobiça, nada alcançaremos, como vemos em Tiago 4:2: “Cobiçais, e nada tendes: sois invejosos, e cobiçosos, e não podeis alcançar: combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis.” E enquanto não vivermos rendidos ao Senhor sempre correremos o risco da apatia estagnadora, que nada tem de espiritual e humilde.
Em Cristo,
Rev. Lucas de H. P Maracci
Igreja Presbiteriana do Tarumã
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